Avião Canadair despenha-se no Gerês. Piloto morreu

Avião português caiu em zona montanhosa, após operação de reabastecimento de água. O outro piloto, de nacionalidade espanhola, ficou ferido com gravidade mas está “estável e fora de perigo”. Fogo deflagrou pelas 5h em Lindoso, Ponte da Barca.

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Avião Canadair despenhou-se na Barragem do Alto do Lindoso LUSA/ARMENIO BELO
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Um avião Canadair CL215 português, que combatia um fogo no Parque Nacional da Peneda-Gerês, despenhou-se este sábado perto da Barragem do Alto do Lindoso, fazendo um morto, um piloto português com 65 anos, e um ferido grave, o co-piloto, de 39 anos e de nacionalidade espanhola, de acordo com a Protecção Civil.

O piloto morreu no local, após paragem cardiorrespiratória, apesar das tentativas realizadas pelos elementos do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), enquanto o ferido grave foi assistido no local e transportado para o Hospital de Braga. Ao PÚBLICO, fonte do hospital adiantou que o piloto está “estável e fora de perigo”, encontrando-se ainda em observação.

Pelas 11h16, após uma operação de reabastecimento de água, o Canadair, sediado no centro de meios aéreos de Castelo Branco, “despenhou-se numa zona montanhosa”, disse Pedro Araújo, comandante da Protecção Civil, à TVI24. O acidente ocorreu em “território espanhol, a cerca de um a dois quilómetros da fronteira portuguesa”, segundo a Protecção Civil.

Não é a primeira vez que há acidentes durante as manobras de recolha de água. Em Julho de 2019, um avião ligeiro de combate a incêndios ficou destruído quando abastecia água na barragem de Castelo de Bode. O acidente deveu-se ao facto de o piloto, que sobreviveu, não ter recolhido o trem de aterragem. Mais tarde no mesmo mês, um avião anfíbio médio “Fire Boss” teve uma avaria no momento do reabastecimento, durante o combate a um incêndio na serra do Cachopo, em Tavira.

O avião Canadair envolvido no acidente é um dos dois aviões anfíbios pesados que reforçaram este ano o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR). A disponibilização destas aeronaves foi garantida, em Março deste ano, pelo Estado-Maior da Força Aérea, que adjudicou o contrato à Babcock. Com apenas um Canadair disponível, cabe à empresa garantir a disponibilidade de dois aviões prevista no contrato, disse ao PÚBLICO o porta-voz da Força Aérea Portuguesa, o tenente-coronel Manuel Costa. Não foi possível apurar se a Babcock tem a possibilidade de repor imediatamente o avião.

Governo e Presidência reagiram ao acidente

O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, apresentou “as mais sentidas condolências à família do piloto Jorge Jardim”. “Estendo este voto de profundo pesar a todos os amigos e colegas da empresa Babcock, que integra o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais”, lê-se na nota. “Manifesto ainda votos de plena recuperação ao co-piloto da aeronave, que ficou ferido no mesmo acidente”, acrescenta.

O Presidente da República também já apresentou condolências à família do piloto que morreu “em circunstâncias dramáticas, ao serviço da comunidade, no combate ao fogo”.

“Infelizmente, é mais uma perda de uma vida nesta época e neste período, em que já perdemos quatro bombeiros”, observou Marcelo Rebelo de Sousa, que revelou ter falado também com o filho do piloto espanhol, gravemente ferido no mesmo acidente.

O incêndio tem uma frente que evolui favoravelmente, ao contrário de uma outra à qual “não há acesso por meios terrestres”, segundo Pedro Araújo. O incêndio no Parque Nacional da Peneda-Gerês, que deflagrou pelas 5h em Lindoso, Ponte da Barca, está a ser combatido por 139 operacionais, 39 viaturas e seis aeronaves, portuguesas e espanholas.

Fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro de Viana do Castelo explicou à Lusa que algumas das aeronaves “são de coordenação e não de combate” e que o total de meios e operacionais no terreno inclui portugueses e espanhóis, pois o incêndio afecta a freguesia de Lindoso e “a zona de Lindos”, em Espanha.

As condições meteorológicas, com humidade “muito reduzida”, e a orografia dificultam o combate ao fogo. “Não temos nenhuma habitação em risco, aquilo que arde é pinhal e mato e não prevemos nas próximas horas que o incêndio venha a afectar habitações”, disse Pedro Araújo à TVI24.

Investigação é responsabilidade de Espanha

Devido ao facto de o acidente ter acontecido em território espanhol, o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF ) explicou à agência Lusa que são as autoridades espanholas que têm a responsabilidade e a competência para desenvolver a investigação ao acidente com o Canadair.

O GPIAAF explicou que deslocou uma equipa para o local porque, quando recebeu a notificação do acidente, ainda não se sabia que o mesmo tinha acontecido em território espanhol, acrescentando este organismo que está a colaborar com a sua congénere espanhola.

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